Brutalidade Jardim
Blog de literatura, prosas urbanas, poéticas visuais e literatices
About Me
- Name: Geraldo Magela
- Location: João Monlevade / Brasília, Minas / Distrito Federal, Brazil
Nascido em João Monlevade, no Vale do Aço, Minas Gerais / Brasil. É jornalista. Reside em Brasília/DF desde 2007. Poeta independente abandonou a literatura impressa para mergulhar no abismo virtual. Tem trabalhos literários premiados no Brasil e muitos outros publicados em vários países, especialmente de arte postal. Seguir o meu twitter @ geraldomagela59 Born in João Monlevade, in the Steel Valley, Minas Gerais / Brazil. He is a journalist, living in Brasília / DF since 2007. Independent poet abandoned printed literature to immerse himself in the virtual abyss. It has literary works in Brazil and many others published in several countries, especially in publications of postall art.
Tuesday, May 30, 2006
Monday, May 29, 2006
Onze
Oração barroca
anjo torto
caído
de um
céu
barroco
rogai por
nós
pecadores
anjo morto
caído
de um
teto
barroco
rogai por
nós
pecadores
quando retornares
para a
casa
do teu
criador
barroco.
II.
Imitação de um ambiente de Poe
após aquela
noite
densa
quando
a morte
revelou
perturbação
e calmaria
as noites
nunca mais
teceram
a mesma
malha
a mesma
rede
os mesmos
labirintos
as noites
nunca mais
exibiram
os mesmos
líquidos
as mesmas
lâminas
os mesmos
aromas
apenas
os corvos
desenhariam
sombras
iguais
se aqui
fosse a
Europa.
III.
Duelo
cerro meus
olhos
lentes inócuas
frente
ao chip ocular
do robot
armo meus
braços
membros ingênuos
contra
a biomecânica
do robot
vasculho meu
cérebro
máquina obsoleta
contra
o supercomputador
do robot
apelo ao
coração
bomba emperrada
frente
ao músculo digital
do robot
saco meu
colt cult
antes de
tombar
romanticamente
aos pés do robot.
IV.
Inominável
com um
diamante
escrevo
no vidro
um nome
suave
que provoca
fúria
no invisível
do fogo na areia
invento
uma frase
que traz
no corpo vítreo
um nome
simples
que provoca
discórdia
desenho
com carvão
nos confins
do mundo
sem alfabeto
os signos
de um
nome
incompreensível
ninguém.
V.
Desacordado
estou morto
mas ninguém
vem me
acordar
pareço cumprir
uma sina
ou maldição
mitológica
devo estar
assim
morto
há milênios
sem sangue
musculatura
o coração
desfibrado
emparedado
na ausência
elástica
do vazio
sem trombetas
de anjos
nem fogo
de demônios
sem vigílias
homenagens
carpideiras
ou Cérbero
tampouco
o barqueiro
do rio eterno
para me levar
só o impossível
vem rondar
o meu cadáver
sonâmbulo
o inatingível
ainda quer
impor
seu espanto
não mais
existo
estou morto
desacordado
mas ainda
busco
no silêncio
volumoso
na boca
invisível
uma maldita
palavra.
VI.
Siberiana
no deserto
de um
branco
imenso
o gelo
de um
azul
geométrico
feito de
lâminas
cubistas
confunde-se
com um
céu
inesperado.
VII.
Compensações humanas
assassinos
não pedem
misericórdia
não choram
ou clamam
pelo perdão
na hora
de morrer
assassinos
têm
o sangue
muito frio
mas são
seres
sentimentais
também
eles gostam
de ouvir
choro
perdão
e pedidos
de misericórdia
na hora
de matar.
VIII.
Refratário
espelho (complexo)
espelho
meu
não me
diga
se existir
reflexo (espelho)
mais
complexo
que o
meu.
reflexo (complexo)
reflexo
meu
não me
mostre
se existir
espelho (reflexo)
mais
complexo
que o
meu.
IX.
Tambores santos do Congo
nossa senhora do rosário
dos homens pretos
do Recife
nossa senhora do rosário
dos homens pardos
do Nordeste
nossa senhora do rosário
dos homens mestiços
do Brasil
nossa senhora do rosário
dos homens puros
da África
nossa senhora do rosário
dos homens misturados
do mundo.
X.
Sexo de classes
putas gloriosas
ostentam
riqueza
com seus
peitos
siliconados
e oferecem
sexo de luxo
aos ricos falidos
enquanto
putas piedosas
praticam
filantropia
e oferecem
sexo barato
aos pobres
assalariados
ricos pobres
não podem
pagar
e ficam sem
sexo
de luxo
enquanto os
pobres ricos
com o salário
do mês
casam com
uma puta
de sorte.
XI.
Sob neblina
névoa horizontal
algodão armado
sobre a cidade
massa fria
urbana
dias secos
vento gelado
fogo do inverno
inferno
lambendo matas
congelando
mendigos
juntando corpos
que memorizam
calor.
Poemas novos
Sombras
o real
o virtual
suas sombras
se misturam
o criador
a criatura
suas sombras
se misturam
o real
o imaginário
sem as sombras
se costuram.
Textos simples
nunca despejei
ossos
em meus
versos
nunca citei
épicos
em meus
textos
sempre busquei
a linguagem
clara
como nos
escritos de
Bandeira
embora nunca
consegui
te-la.