Brutalidade Jardim

Blog de literatura, prosas urbanas, poéticas visuais e literatices

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Location: João Monlevade / Brasília, Minas / Distrito Federal, Brazil

Nascido em João Monlevade, no Vale do Aço, Minas Gerais / Brasil. É jornalista. Reside em Brasília/DF desde 2007. Poeta independente abandonou a literatura impressa para mergulhar no abismo virtual. Tem trabalhos literários premiados no Brasil e muitos outros publicados em vários países, especialmente de arte postal. Seguir o meu twitter @ geraldomagela59 Born in João Monlevade, in the Steel Valley, Minas Gerais / Brazil. He is a journalist, living in Brasília / DF since 2007. Independent poet abandoned printed literature to immerse himself in the virtual abyss. It has literary works in Brazil and many others published in several countries, especially in publications of postall art.

Tuesday, October 10, 2006

A linguagem clara de Bandeira *

Geraldo Magela


I - Indagações sobre sombras


que homens são esses
de olhares
monossilábicos
feito sólidos
totens malditos
cobertos de silêncio
e cinzas?


que homens são esses
enigmáticos
como sombras de um
teatro chinês
sem enredo ou história
somente a tragédia
de suas faces?


que homens são esses
adestrados
prontos a transpassar
arcos de fogo
que dominam a sala
de concreto frio
geométrico?


que homens são esses
tigres
em seu eterno
monólogo
de remorsos
murmurando um rosário
de lentas devorações?


que homens são esses
circunspectos
imóveis ao redor
de uma mesa
coberta pela bandeira
desonrada
por manchas abstratas?


II - Memórias


paredes
de cal
e rancor

janelas
trancando
a luz

portais
sustentando
angústias

dos restos
o resumo
da obra:

melancolia
de cupins
impunes.


III - Anorexias


crianças
esqueléticas
sonham


big-mac
com fritas
coca-cola


miséria social
é o lado ruim
da fome


pensa a
jovem
modelo.


IV - Pequenos registros em hortas e jardins urbanos


vidraças opacas
sintonizam
besouros

lagartixas graves
sentenciam
vôos tediosos

roseiras rubras
sugerem
saúvas negras

tática de teias
aranhas
adjetivas

melancolia
de lesmas
nas begônias

soníferas lagartas
sonham
espessuras

insetos verbais
tamanha
gramática

taturanas
substantivas
natureza tenaz.


V - Confissão


nunca desejei
ossos
em meus
versos

nunca enxertei
épicos
em meus
textos

sempre busquei
a linguagem
clara

como nos
escritos de
Bandeira

embora nunca
consegui
tê-la.


* Conjunto de poemas que recebeu menção honrosa no 4º Prêmio Nacional de Poesia - Cidade de Ipatinga 2006

3 Comments:

Blogger Casa de Gravetos said...

Porra cara! Vou começar a imprimir seus poemas para tê-los guardados em casa. E vc ainda vai ter que me dar uma dedicatória.

4:05 AM  
Blogger Thiago Moreira Gonçalves said...

Magelinha, parabéns pelo prêmio! abraço

8:51 AM  
Blogger flaviooffer said...

Divagando por aí vim parar no Brutalidade... Belo trabalho!
Gosto da sua Poesia... tem algo mais; responsabilidade com a palavra. Transpiração!

7:36 PM  

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